sábado, 28 de maio de 2011

Jovem do Banco Vazio


Jovem. Jovem do banco vazio. Hoje nós te convidamos para se aproximar um pouco mais do Senhor. Te convidamos para sentir a presença do Senhor mais perto de você. Sabemos que às vezes se torna difícil pra você e até se torna uma cruz para seus ombros, mas nós precisamos que este banco sinta tua presença, teu silêncio e teu cantar. 
Jovem do banco vazio, venha para mais perto do Senhor para cantar com mais intensidade a canção do amor e da paz. Jovem, jovem do banco vazio, hoje o Senhor te convida a caminhar com ele, a cantar e a descobrir uma vida nova, onde teus passos possam ser mais compassados e tua cruz mais leve. 
Jovem, jovem do banco vazio, venha fazer parte do banquete do Senhor, não tenha vergonha de dizer que em você ainda existem sementes de amor, que em você ainda existem flores para desabrochar. Jovem, jovem do banco vazio, pra você, ao lado do Senhor, ainda existe um lugar. Jovem do banco vazio!

Vanderlei Camini

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Segredos da Vida

A vida me ensinou de que forma se ganha um amigo, de que forma eu devo tratar as pessoas, de que forma devo amar os que fazem parte da minha vida. A vida me ensinou que as pequenas e singelas coisas possuem valor imensurável aos olhos que conseguem ver as belezas da vida e do universo. A vida me ensinou que a bondade, a simpatia e a singeleza fazem parte das pessoas de coração doce, de alma branda e de sorrisos encantadores aos olhos do mundo. A vida me ensinou que nem tudo são flores, mas podemos repartir o perfume da nossa alma com quem está do nosso lado, com quem necessita de carinho, de acalento e de um abraço fraterno. A vida me ensinou que a batalha é a única forma de vencer, de conquistar o meu espaço e de ser livre para buscar outros mundos, onde a grandiosidade existe e espera por mim. A vida me ensinou que as flores são belas, mas que devo regá-las e cuidá-las, para que elas possam florir e perfumar a pele do meu rosto. A vida me ensinou que os mais dóceis caminhos são aqueles vencidos através do percurso das pedras, dos espinhos e das dificuldades do meu caminhar. A vida me ensinou que a pessoa mais importante é sempre aquela que está do meu lado, aquela que olha nos meus olhos e toca fundo o coração com o brilho do seu olhar. A vida me ensinou que a maior vitória é aquela conseguida com suor, com sacrifício, com humildade e com amor por aquilo que busco. A vida me ensinou como ganhar e como perder, como ser humilde e bondoso, como ser dócil e amável. A vida me ensinou que devo amar e dizer às pessoas que às amo e o quanto são importantes para a minha vida e para o meu mundo breve. A vida me ensinou a intensidade do amor que devo ter pelas pessoas especiais, pelas pessoas que pertencem ao meu coração e à minha alma, pelas pessoas que me ajudam a viver de uma forma tão doce e tão encantadora. A vida me ensinou que acima de tudo devo ser eu mesmo, que devo me amar, que devo sorrir e me encantar com os outros, pois são criaturas lindas de Deus. A vida me ensinou que devo silenciar, que devo cantar, que devo orar e buscar alimento para a alma, pois é através do alimento que posso ser forte e vencer todos os obstáculos que a vida me oferece. A vida me ensinou o caminho para a minha felicidade, para o percurso da minha vida e para a imensa e grandiosa sabedoria que existe dentro do meu coração. A vida me ensinou que apesar de tudo, o amor é o único caminho para a minha completa felicidade!

Vanderlei Camini

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lembranças que jamais se apagam...


            Contar minhas lembranças, principalmente do meu tempo de criança, sempre foi e é muito emocionante e até um desafio pro meu coração e pra minha alma. Por isso, cada vez que me defronto com minhas eternas e sublimes lembranças, fico a imaginar o quanto eu sofri, o quanto foi difícil minha vida, meu tempo e minha história.
            Nasci na Itália em 1889. Na época aquele país era dividido em diversas partes, principalmente no que se refere às condições econômicas, pois haviam partes onde moravam os ricos e outras partes os pobres, dividindo-se por classes sociais e econômicas.
            Minha família era de 9 irmãos; 4 mulheres e 5 homens. Lembro que nossa vida na Itália era muito difícil, pois trabalhávamos para os patrões em troca de comida e algumas roupas. Eu era a quinta filha, segunda mulher. Meus pais, através do governo italiano, recebeu uma proposta que, na época de 1898 era praticamente irrecusável, pois o governo brasileiro estaria oferecendo terras para quem quisesse morar no Brasil e, como éramos muito pobres e trabalhávamos de empregados, sendo praticamente escravizados pelos patrões italianos, meus pais não pensaram muito e nem tiveram outras alternativas a não ser aceitar a imigração para este novo país, que diziam ser farto de terras, de matas, de rios, de flora e fauna, além de ter ótimas condições para o plantio e colheita de alimentos.
            Numa bela tarde de primavera, ainda lembro que, ao cair do sol, meus pais reuniram a família, na sua grande maioria crianças pequenas e sem entender direito o que era migração para o Brasil, país desconhecido até então, e avisaram que no outro dia, bem cedo, iríamos recolher o pouco que tínhamos e fazer uma viagem de navio, para viver em outro lugar, muito distante mas que pudessem ser mais livres e ter melhores condições de vida.
            Sei que naquela noite fomos dormir muito ansiosos e ansiosas, pois no amanhecer do outro dia iríamos viajar de navio para um outro país e essa idéia nos deixou um pouco confusos, um pouco esperançosos e até com medo do que poderia acontecer com nossa família.
            Mas ao raiar do dia, nossos pais nos chamaram e levantamos logo. Parecia que não era conosco o que estava prestes a acontecer com a família, pois iríamos para uma terra distante, desconhecida e iríamos viajar de navio, o que jamais imaginávamos fazer, até pela nossa condição econômica e social em que estávamos submetidos.
            Lembro que nesta época eu tinha 9 anos de idade, por isso lembro-me de muitos detalhes de tudo o que aconteceu com nossa família e nossa viagem até este tal de Brasil, terra desconhecida por todos.
            Tomamos café juntos, a família, talvez fosse a última vez que esse ritual poderia acontecer, principalmente na Itália. Comemos de tudo, enchemos a barriga com a melhor comida que tínhamos, principalmente comida que poderia nos dar sustentação e nos deixar um pouco mais fortes. Comemos pão, queijo, lingüiça e leite. O que sobrou de comida na mesa, meu pai colocou num cesto e adicionamos à (pequena) mudança. Além disso, levamos alguns alimentos como feijão, batatas, farinha, arroz e milho, além de algumas frutas que havíamos apanhado no pomar do patrão no dia anterior.
            Nós tínhamos, em média, apenas dois pares de roupas para cada pessoa da família. Calçados não existiam. Por isso, foi até fácil arrumar as coisas para a viagem, pois não tinha muito o que carregar, até em função da situação de miserabilidade que passávamos na Itália.
            Lembro-me que às nove horas da manhã, num dia ensolarado, saímos de casa de carroça puxada por bois, e nos dirigimos até o local designado pelo governo italiano, pois nos apanharia e nos levaria de trem para o porto do qual embarcaríamos no navio com destino ao Brasil, destino tão desconhecido por todos e incerto para suas esperanças de vida.
            Nos despedimos dos poucos amigos que ficaram. Sei que houveram muitas lágrimas. Muitas promessas, mas poucos abraços, pois as pessoas eram mais “frias” do que o nosso tempo atual.
            Ao embarcar no navio, senti algo muito estranho, diferente de tudo o que jamais havia sentido. Comecei a tremer, a lembrar do que ficou, a lembrar das poucas mas sinceras amizades que talvez jamais tornaria a ver.
            Durante a viagem, que durou 45 dias em alto mar, aconteceram muitos fatos, que até são de conhecimento público. Muitas pessoas morreram e foram jogadas no mar. Muitas adoeceram. Muitas pessoas ficaram praticamente loucas e houve muita fome entre elas. Passávamos a maior parte do tempo cantando e jogando algum jogo para nos distrair. Sofremos muito frio, vento, calor. Eu ajudava minha mãe a cuidar dos irmãos menores. Meu pai e meus irmãos maiores também ajudavam. Felizmente para nossa família tão numerosa e com a maioria dos filhos pequenos, não aconteceu nenhuma tragédia durante a viagem, pois as pessoas privilegiavam estas.
            Ao chegar no Brasil, após longos 45 dias de viagem em alto mar, nos deparamos com o desconhecido, com muitas florestas, animais ferozes e pessoas estranhas para todos. Nossa família, juntamente com outras tantas, foi direcionada a se instalar numa região montanhosa, cheia de relevos, tal qual região onde morávamos na Itália. Outras famílias foram direcionadas para outras regiões, distantes, pois jamais tivemos a oportunidade de manter contatos com estas outras famílias.
            Na região onde nos instalamos, derrubamos matas e fizemos pequenas casas rudimentares, para que pudéssemos pelo menos nos proteger do imenso frio e dos animais existentes na região.
            As famílias se reuniam todas as noites para rezar e para cantar e falar da viagem e das lembranças dos que ficaram na Itália, além de traçar planos, pois todos se ajudavam entre si em todas as tarefas, principalmente da nova agricultura.
            Como eu gostava muito de rezar, numa noite em que estavam rezando numa casa vizinha à nossa, tive uma idéia e comentei com as pessoas que ali estavam. Falei que a gente poderia construir um pequeno capitel num local onde todos pudessem se encontrar e rezar. Mas disseram que não havia essa possibilidade, pois ninguém tinha imagens de santos para colocar neste capitel. Foi quando eu, na minha humildade de criança, mostrei uma pequena imagem de São Francisco de Assis, que trouxe comigo e que foi um presente da minha madrinha de batismo antes de deixar a Itália.
            Todas as famílias concordaram e em uma semana o capitel estava pronto. Conforme havia prometido, entreguei a imagem de São Francisco de Assis para ser venerada no capitel e, todos os dias, ao anoitecer, eu e meus irmãos íamos até o local para fazer orações e pedidos. O local tornou-se um centro de orações e todas as famílias, sempre que podiam, se reuniam no capitel para rezar e pedir forças para vencer as dificuldades e a solidão através de São Francisco.
            Com o passar dos tempos, as coisas começaram a melhorar a cada dia. A agricultura começou a ser produtiva. As pessoas que residiam na região se ajudavam mutuamente e juntos eram apenas uma família, pois os objetivos e as metas de todos eram comuns.
            Lembro-me que eu freqüentava o capitel todos os dias e, vendo a imagem de São Francisco de Assis, lembrava de minha amada madrinha que me presenteou com a imagem e que talvez eu jamais poderia vê-la para ao menos dizer o que eu havia feito com o presente.
            Uma certa tarde, ao cair do sol, numa das minhas visitas ao capitel, notei que a imagem não estava mais no lugar onde haviam colocado, num altar, perto de uma flor silvestre. Fiquei meio surpresa, sem entender, pois ninguém poderia fazer tal maldade de destruir tão santa imagem de um santo que tanto nos ajudava.
            Mesmo assim, ajoelhei-me e comecei a fazer minhas orações com muita fé e, uma surpresa inimaginável aconteceu: minha amada madrinha apareceu em minha frente, com um longo e branco véu, passou sua mão pelo meu rosto e me abraçou. Dos seus olhos eu vi nascer uma lágrima, e esta lágrima escorreu sobre meus cabelos e meu rosto. Não pronunciou nenhuma palavra, apenas senti seu perfume tão doce como frutos do céu. Ela estava linda. Em alguns instantes, desapareceu.
            Quando voltei em mim, olhei novamente para o local onde haviam colocado a imagem de São Francisco de Assis dentro do capitel, e para minha grade surpresa, havia a imagem de Nossa Senhora, carregando São Francisco de Assis no seu colo.
            Fiquei emocionada e voltei pra casa chorando. Contei o que aconteceu para minha família e a notícia se espalhou por toda a região. Houve peregrinação em visita ao capitel e todos queriam saber do milagre que aconteceu. O capitel se tornou um lugar sagrado, milagroso, pois todos os que iam rezar e pedir graças, eram curados. E hoje, onde havia o capitel, foi construída uma grande igreja, visitada por milhares de romeiros todos os finais de semana em busca de graças e de bênçãos para seus amigos e familiares.
            Assim, posso dizer que minhas lembranças foram marcas de uma história de dor, sofrimento, realizações e alegrias, onde pude compreender que a vida vale a pena ser vivida e que devemos ter fé e acreditar que algo superior guia nossos passos e nos conduz sempre para o melhor caminho.

Vanderlei Camini

A bruxa e os gênios

            Num reino muito distante, havia uma bruxa que residia num castelo feito com barras de ouro. Junto com a bruxa moravam três gênios que eram irmãos gêmeos e que um dia foram deixados pela mãe perto do castelo da bruxa. Sem ter onde ir, a bruxa acolheu os gênios e os levou para morar com ela. Naquele lugar, o “mal” não existia, somente o “bem” prevalecia entre a bruxa e os gênios, pois naquele reino somente eles habitavam e um precisava do outro para viver.
Naquele reino havia muitas riquezas, principalmente ouro, prata, pérolas e uma árvore que tinha sentimentos e chorava, pois muitas vezes foi vista pelos irmãos derramar lágrimas através de suas folhas delicadas. Quando contaram para a bruxa o que viram, ela não acreditou e desconfiou dos gênios, pois jamais havia visto e nem ouvido falar em árvore que chora.
Um certo dia, os gênios convidaram a bruxa para ir até a árvore que chorava. Ela não hesitou e foi com eles até onde estava plantada a árvore, lugar de difícil acesso e que ficava perto de um rio. Para chegar até a árvore, tinham que atravessar este rio através de uma velha pinguela feita de madeira. Esta pinguela tinha sido feita há muito tempo atrás, e quem ajudou a construir foi a avó da bruxa, ainda quando ela era criança e ia para a escola estudar.
Quando chegaram perto da árvore que chorava, a bruxa se assustou e quase não acreditou no que estava vendo. A árvore chorava mesmo! Mas além de chorar, a árvore tinha outras atitudes que deixaram a bruxa abismada, principalmente quando os gênios ordenavam, a árvore obedecia e fazia o que eles pediam.
Um dos gênios ordenou que a árvore começasse a se balançar; e ela se balançou. Outro ordenou que a árvore desse frutos tão deliciosos como o mel; e ela ofereceu. Outro gênio pediu para a árvore chorar; e ela chorou muitas lágrimas que ao seu redor formou um rio. A árvore produzia um perfume incomparável, jamais visto, um perfume doce e leve.
Assustada ao ver acontecer tantas coisas que até aquele momento não acreditava, a bruxa começou a sentir medo e a ficar cada vez mais triste, pois não sabia o que poderia acontecer com ela na presença dos gênios e da árvore chorona.
Para tudo o que os gênios falavam, a árvore tinha uma resposta e obedecia o que eles a ordenavam. E cada vez mais a bruxa sentia medo. Medo de que os gênios pudessem fazer algum mal pra ela. Medo de que a árvore pudesse destruí-la e que seu reino pudesse terminar por ordem dos gênios e da árvore que chorava.
Foi quando a bruxa teve uma idéia e, num descuido dos gênios, iniciou sua volta para o castelo. Mas ela estava com muito medo, pois tinha que atravessar o rio, numa pinguela antiga e que estava quase caindo.
Quando os gênios notaram a intenção da bruxa, seguiram com ela até a pinguela e ofereceram ajuda para atravessar o rio. Como confiava nos gênios, ela aceitou e assim iniciou a travessia do rio através da pinguela.
Ao chegar aproximadamente no meio da travessia, os gênios ordenaram, através de seus poderes, que a bruxa caísse da pinguela dentro do rio, e se afogasse, e que ninguém poderia salvá-la, pois tinham um castelo, um reino e muitas riquezas da bruxa que seriam repartidos entre os três irmãos.
E assim o fizeram. Quando a bruxa chegou no meio da travessia, os gênios ordenaram seus poderes e a bruxa despencou da pinguela, caiu no rio e se afogou, com os olhares atônitos dos gênios.
            Os gênios retornaram para o castelo da bruxa. Comeram e beberam tudo o que havia e se deliciaram com tanta fartura. Até tocaram música, mas não dançaram. Estavam fartos de riqueza. Nem pensaram mais na pobre bruxa que morreu afogada. Para os gênios, o que importava era apenas a fortuna de ouro, prata, pérolas, o castelo e o reino que tinham para desfrutar.
            Exaustos os gênios foram dormir. Um sono profundo. Um sono perfeito. Um sono tranqüilo para quem tem poderes sobrenaturais.
            Ao acordar pela manhã, os gênios perceberam algo estranho no reino. Já não existia mais ouro, nem prata, nem pérolas, nem mesmo o castelo existia. Ficaram muito tristes. Não sabiam o que estava acontecendo. Mas quando o sol apareceu, junto aos seus raios ultravioletas chegou uma estranha voz que dizia o que cada gênio deveria fazer para salvar o reino.
            Mas tudo o que ouviam eles não compreendiam, pois eram vozes estranhas, vindas do além, de outro reino. Os gênios tiveram medo e foram embora. Ao passarem pela pinguela, notaram algo estranho perto da árvore chorona. Foram até ela e se surpreenderam ao notar que as lágrimas derramadas pela árvore se transformaram em grandes e preciosas barras de ouro. Foi então que os gênios entenderam a dimensão e o valor que possui uma lágrima. Arrependidos se abraçaram e pediram perdão pelo mal que fizeram para a bruxa e prometeram jamais fazer algo semelhante com ninguém, pois o bem sempre vence a maldade, e assim viveram ricos e felizes para sempre.

Vanderlei Camini

O Professor Taxista

Sete e trinta da manhã. Lúcia e Cátia se encontram para pegar o ônibus que as levariam para a escola, onde lecionam. Mas, por causa do tempo chuvoso, se atrasam e perdem o transporte. Decidem pegar um táxi. O taxista, calmamente, percebe a impaciência e a pressa das mulheres e pergunta, sem muito interesse, qual seria o destino. Elas, logo e rapidamente informam o endereço ao motorista.
            Durante a viagem, conversam sobre horários de ônibus e da dificuldade que possuem para ensinar seus alunos em sala de aula.
            O motorista, chamado José, presta muita atenção e entra na conversa, comentando que era um professor aposentado e que, na sua rotina de professor, sempre procurou se aperfeiçoar para atingir plenamente os objetivos dos alunos. Mas para isso, José comentou que o gosto pela leitura e pela pesquisa sempre foi fundamental para que pudesse atingir seus objetivos como professor.
            As professoras, interessadas no assunto, se emocionam e iniciam uma grande discussão sobre a arte de ensinar em sala de aula.
            José comenta sobre suas formas de ensinar em tempos passados, pois já havia aposentado a profissão de professor. Lembra com saudade e diz que ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, aproveitando a bagagem de conhecimento que os alunos levam para sala de aula, pois no universo do nosso tempo, a informação tornou-se muito acessível a todos.
            Lúcia e Cátia comentam que ensinar exige criticidade, com o que José concorda plenamente.
            Prosseguiu José, comentando que a arte de ensinar exige ética, retidão e que o professor deve aceitar o novo, quebrando os paradigmas, não aceitando qualquer forma de discriminação, refletindo sua prática em sala de aula e respeitando a autonomia dos educandos. Para o motorista, o professor deve ser tolerante, humilde, alegre, inovador e deve fazer despertar a fome pelo saber por parte do aluno, criando nele curiosidade para o novo.
            Pelo caminho, as professoras ficavam em silêncio ouvindo José falar de suas vivências como professor, onde o mesmo continuava afirmando que o ensinar exige comprometimento, saber escutar, disponibilidade para o diálogo e ter um ambiente de amizade entre educando e educador.
            Ao chegar na escola, as professoras, admiradas pela sabedoria do taxista, convidam-o para expor suas idéias ao corpo docente da escola.
            O professor aposentado, sem exitar, aproveitou o momento e, junto com as professoras, desceu do táxi. Acompanhou-as até a escola e, com o aval da direção, fez ali mesmo, numa pequena sala, uma brilhante exposição de suas idéias sobre o ato de ensinar. Todos os professores se deleitaram com tamanha sabedoria do taxista e procuraram seguir seus ensinamentos.
            Depois daquele dia, a escola nunca mais foi a mesma. Os professores revolucionaram suas aulas, mostrando dinamismo, competência e uma nova forma de levar o conhecimento aos alunos, possibilitando-os a uma aprendizagem eficiente e extremamente inovadora. Este processo refletiu em toda a escola e a mesma foi considerada destaque regional, sendo espelho para muitas instituições, pois passou a usar uma filosofia de ensino inovadora, que revolucionou a arte de ensinar.
            Lúcia, Cátia e José, hoje, são aposentados, e o táxi já não mais existe, a não ser na boa lembrança destes três personagens que um dia, por acaso, se encontraram.

Vanderlei Camini